O Brasil é atualmente o maior
consumidor de agrotóxicos do mundo. Mais de 10% do consumo mundial, ou 1 em
cada 10 litros de venenos utilizados contaminam terras e águas e a gente do
nosso país. Isso tudo acontece sem nenhuma consequência? É claro que não. Em
quase todas as famílias temos casos de pessoas que sofrem ou sofreram com
câncer e outras doenças para as quais não há uma explicação lógica. O uso de
agrotóxicos faz com que o número de suicídios no meio rural brasileiro seja até
5 vezes maior do que nas cidades. São doenças para as quais há forte suspeita
de que sejam causadas pelos pesticidas que utilizamos na agricultura. Pesquisas
no brasil mostram que até mesmo o leite materno e a água já estão contaminados
por agrotóxicos.
Por
outro lado as empresas fabricantes desses produtos enriquecem cada vez mais às
custas da deterioração da saúde e do meio ambiente. O objetivo é o lucro, acima
da vida.
O
que podemos fazer para mudar isso? O que fazer frente a esse problema?
Precisamos mudar as causas que levam a esse estado de coisas. Uma delas é
eliminar gradativa ou radicalmente o uso de agrotóxicos e transgênicos nas
lavouras e nas criações de animais aqui em nossa região.
O
MST tem adotado desde muitos anos uma postura contrária ao uso de agrotóxicos e
a favor da agroecologia. Desde o ano passado participamos da campanha
permanente contra o uso de agrotóxicos. O Ceagro tem formado várias turmas de
técnicos em agroecologia, numa tentativa de preparar a base técnica para a
transformação da agricultura. Mais recentemente com a vinda da UFFS essas
possibilidades se ampliaram.
Vejamos algumas iniciativas para
enfrentar essa questão.
-
Implantação a partir do final deste ano, do laticínio
para produção de leite orgânico, no assentamento 8 de Junho – a meta é envolver
400 famílias produzindo leite agroecológico
-
Realização de um curso de especialização em
produção de leite agroecológico, em parceria com a UFFS – início segundo
semestre.
-
realização de uma nova turma do Curso médio
Técnico em agroecologia, no CEAGRO, também no segundo semestre.
-
Desenvolvimento de pesquisas sobre técnicas de
produção agroecológica.
-
Publicação de cartilhas e materiais técnicos
sobre produção sem uso de venenos e adubos químicos.
-
Realização de feiras livres para venda de
produtos agroecológicos diretamente ao consumidor (Laranjeiras, Quedas e
Goioxim)
Agora temos pela frente
o desafio de construir em cada unidade de produção camponesa, em cada lote da
reforma agrária em nossa região, uma forma de agricultura cada vez mais
sustentável, que dependa cada vez menos de venenos e transgênicos. Sabemos que
nosso modelo de agricultura funciona como uma pessoa viciada em crack, que
depende da droga, que acha que é impossível viver sem ela. Mas também sabemos
que o tratamento dessa agricultura viciada passa pela conscientização do
problema e de assumirmos que cada família precisa mudar pouco a pouco seu jeito
de produzir. E você, o que vai fazer para mudar essa realidade? Venha
participar conosco das iniciativas e atividades para construir uma agricultura
sem venenos e sem transgênicos. Viva a luta pela agroecologia!